Saramago e o grunhido

Julho 30, 2009

José Saramago – que é também blogueiro, como todos sabem (caderno.josesaramago.org) – respondendo ao Globo o que pensa sobre o Twitter:

“Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres refletem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido.”


Sem mais.

“Vem na mão”

Julho 30, 2009

Cartaz1

No dia 8 de agosto, sábado, o Centro Cultural Justiça Federal inaugura a mostra Vem na Mão, reunindo diversos artistas que tem como foco a forte carga gestual em seus trabalhos, utilizando-se raramente de recursos digitais.

O tema da exposição é o ambiente urbano, marcada pela multiplicidade de linguagens e técnicas, reunindo trabalhos de 13 artistas: Alê SoutoAntonio BokelBernardo RamalhoElvis AlmeidaGustavo SperidiãoJulio CastroMarcelo EcoMárcio MitkayNueve PolarOzi, Paulo Santos, Petite Poupée 7Smael.

O público poderá conferir a exposição de 09 de agosto a 13 de setembro, das 12 às 19h. A mostra tem entrada franca e ocupará as galerias do 1º andar do prédio.

Fonte: L’Phante

Essa irá receber minha presença. Aliás o Centro Cultural Justiça Federal sempre tem umas exposições bem legais. Vale a pena uma visita de vez em quando.

O Boa noite de hoje será um pouco diferente. Ao invés de uma música, três.

O motivo é simples: visitando o blog da Renata Simões, apresentadora do canal Multishow, vi um post sobre umas bandas que ela viu em Paris. Dois sons, em especial, me chamaram a atenção.

O primeiro é o americano Jose James, nascido em Nova York. Uma mistura de rap e jazz, com muito soul e uma bela voz.

Jose James – Park Bench People

O segundo, é de uma banda japonesa chamada SOIL & PIMP Sessions. Originários de Tóquio, os caras também fazem um bom jazz, contemporâneo, com uma levada mais acelarada e funk. Bom som! Irei procurar outras músicas depois.

Soil & Pimp Sessions – Crush

Agora pra finalizar a sessão hip-hop, jazz, funk, vamos que vamos. Um vídeo da galera aí de cima junta no mesmo palco. Mistura homogênea e boa para os ouvidos.

Jose James and SOIL & PIMP Sessions – Park Bench People (Live)

O longa-metragem “Lutas”, que tem direção de Luiz Bolognesi, parece ser o primeiro grande passo da animação no país. Digo grande passo por estar sendo realizado aqui, por nós, brasileiros.

O filme narra, em quatro, episódios os momentos radicais da história do Brasil. Quem conta é o protagonista, personagem que esta vivo há quase 600 anos e que presenciou os fatos. A narrativa atravessa a história do Brasil e vai das brigas entre Tupiniquins e Tupinambás a prisões e torturas da ditadura.

Com ritmo e linguagem de quadrinhos,  tem em seu elenco os atores Selton Mello e Camila Pitanga – que emprestam suas vozes dando vida e emoção aos personagens principais.

Buriti Filmes, em parceria com a Lightstar (realizadores de A Era do Gelo, Mulan, Asterix e Fantasia 2000) e a Gullane Filmes, produzem em Paulínia o, SP, o projeto.

Tem tudo para marcar um novo passo na cinematografia nacional.

Abaixo o teaser do longa:

Ficha técnica:

Direção: Luiz Bolognesi
Roteiro: Luiz Bolognesi
Supervisão Geral: Laís Bodanzky
Produção Executiva: Renata Galvão
Direção de Animação: Marcelo de Moura e Jean de Moura
Assistente de Direção :Camilla Loyolla
Supervisão de finalização: Helena Maura

Cacilds

Julho 29, 2009

Hoje faz 15 anos que perdemos Antonio Carlos Bernardo Gomes, ou Mussum. Na opinião deste escriba Mussum foi o melhor humorista nascido no Rio de Janeiro. Foi ídolo da minha geração e, particularmente, sempre ri mais com ele do que com Didi, Dedé ou Zacarias. Não sei se alguma TV preparou a merecida homenagem, mas neste Blog não poderia passar em branco. Vale dizer que no Twitter o #mussumday chegou ao topo nos Trending Topics.

Para não ficar só nas palavras recomendo fortemente o vídeo abaixo. É um trecho do programa MPB Especial, da TV Cultura, com os Originais do Samba. Foi exibido em 1972, e recentemente reexibido no Radiola, da mesma TV Cultura. Nem todos lembram, mas muito antes de ser um trapalhão, Mumu da Mangueira foi sambista, e já destilava carisma e bom humor nas letras e entrevistas. Imperdível!

Nego só sabe que mataram o gato, como faz o tamborim é que é fogo! Genial.

“Escondido na cidade”

Julho 29, 2009

“Hide in the City” (“escondido na cidade” em português) é uma série de fotos feitas, a partir de 2006, pelo artista chinês Liu Bolin.

Liu nasceu em 1973, na província de Shandong, no leste da China. Formou-se pela Academia de Belas Artes de Shandong e começou a participar de grandes exposições aos 28 anos (entre 2000 e 2001).

Em sua série de fotos sobre o anonimato na cidade, há a mensagem de que o ser humano é um solitário, visto a infinidade de coisas que nos rodeiam.

Liu se camufla aos ambientes urbanos para produzir seus retratos. Para isso são necessárias até 10 horas de pintura corporal. O trabalho é tão bem feito que algumas pessoas só percebem sua presença quando ele se move.

As fotos são bastante interessantes e representam bem esse anonimato do ser humano nas grandes cidades, o fato de sermos apenas números e não pessoas em si. Uma crítica a sociedade feita de uma forma diferente.

Não é a toa que seu trabalho está sendo reconhecido. Ele já realizou exposições individuais na França, Itália e Estados Unidos, e suas obras já foram exibidas em algumas das principais galerias chinesas.

Eu confesso que observo diversas outras críticas em algumas de suas imagens. Mas isso vai de cada um.

Fiquem com algumas das fotos presentes na série:

liu_bolin_abre

liu_bolin_casa_escombros

liu_bolin_enforcando

liu_bolin_eua

liu_bolin_guarda

liu_bolin_olimpics

Se procurarem na rede encontram outras fotos dele. Todas muito bem produzidas.

Música do CD “Bambas e Biritas Vol. 1”, do músico Bid.

Eduardo Bidlovski é o nome dessa fera, que esteve envolvido na produção do disco “Afrociberdelia”, de Chico Science & Nação Zumbi. Outros nomes foram produzidos pelo cara, como Planet Hemp, Mundo Livre S/A, Otto. Esteve também presente no surgimento do Funk Como Le Gusta.

Esse CD, “Bambas e Biritas Vol. 1”, é muito bom. Conta com a participação de Seu Jorge, Elza Soares, Carlos Dafé, Black Alien, entre outros.

O som abaixo é com o Carlos Dafé. Instrumental funk, talvez até com “ph” (phunk), de qualidade.

Bid e Carlos Dafé – Saudades da Blackrio

Se a banda Janopena chamada Sour’s ‘Hibi no Neiro’ queria fazer um video clipe totalmente diferente do que já foi feito, chamando a atenção do mundo virtual, parece que ela conseguiu.

O clipe gravado para o primeiro album da banda -Water Flavor EP’ foi gravado com a ajuda dos próprios fãs da banda, em diversos países do mundo. Cada pessoa e cena foi filmada de uma vez, utilizando simplesmente sua própria web cam.

O filme postado no dia 1˚ de julho já contabilizava aproximadamente 830 mil exibições no Youtube até o dia de hoje. Nada mal.

Os filmes vencedores do Leão de Cannes de 2009 são sempre assunto. Existe muita coisa boa que merecia ser postada e discutida aqui.

O filme em questão não foi escolhido a toa. Identifiquei nele pelo menos 3 elementos pertinentes a este blog: Publicidade, Cinema e, por último mas não menos importante, Cerveja.

Como não tive ainda a oportunidade de experimentar a tal Bag’s Draught, me resta apenas dar o meu palpite no que diz respeito aos outros dois elementos restantes. Sendo assim, acredito tratar-se de um ótimo anúncio sustentado por uma idéia clichê. Pronto, falei.

Não que o filme seja ruim, muito pelo contrário, ele é divertido, inteligente, no ponto.

No entanto, trata-se de um exemplo de como a produção cinematográfica é vital para um bom anúncio. Sem ela, a piada podia se perder e teríamos mais um anúncio de bebida procurando enfatizar que a agua de sua cerveja é única, pura, e que veio de algum lugar especial.

Ponto pra produtora, que provou que tão importante quanto a sua idéia, é como você vai conta-la.

enjoy

Boa noite – sábado

Julho 26, 2009

Alien negro, ou, pra gente, Gustavo Black Alien. De Niterói para o mundo. Pra mim um dos maiores rimadores do país. Letras inteligentes e boas batidas.

Tamos na espera de um novo CD ainda esse ano.

Detalhe pra galera do SHN, de São Paulo, que compôs o palco da MTV; quebram!

Black Alien – From Hell To Céu

Kanye West, além de excelente músico e produtor musical, também leva jeito em direção de vídeo (no caso, vídeo-clipe). Esse clipe foi dirigido por ele. É o cara.


Drake – Best I Ever Had

“Coração Vagabundo”

Julho 24, 2009

CAETANOVELOSO

Estréia hoje, sexta-feira, o documentário “Coração Vagabundo”, de Fernando Grostein. Filmado entre 2002 e 2005, o filme acompanhou o cantor Caetano Veloso durante sua turnê “A Foreign Sound”. É possível acompanhar a intimidade do cantor nesse período de três anos, em vários locais do planeta.

Em apenas 60 minutos de filme, Caetano expõe sua opinião sobre tudo e todos. Nenhum assunto é tabu. Política, religião, música, antropologia, sexualidade… Os cortes giram em torno das opiniões do músico colhidas pelo diretor em mais de 56 horas de filmagem.

“Um amigo meu assistiu ao filme e o achou muito superficial. Eu não achei. É feito de um jeito despretensioso, mas não é superficial. Eu fico um pouco envergonhado de falar tanto, mas mesmo eu consegui acompanhar sem desagrado, com interesse. A escolha das coisas que eu disse me pareceram boas. Acho que fomos longe, para algo que não era para ser nada”, explica Caetano.

Assista ao trailer:

Dueto incrível de dois gênios que foram lá pra cima recentemente.

It’s a man’s world, but it wouldn’t be nothing without a woman or a girl.

Mr. Brown sabia das coisas.

Recebi esse texto por email e achei que valia a pena colocá-lo na íntegra. Até porque é de interesse comum de todos que aqui escrevem.

É do escritor Paulo Pellota, que nasceu em São Paulo, SP, no ano de 1950. Esta crônica foi extraída de seu primeiro livro “Paz na Terra aos homens de botequim”, de 2003. A crônica abaixo, e que deu nome ao livro, foi premiada no concurso Grande Escritores de São Paulo, da Litteris Editora, em 1977.

Grande entendedor da arte de beber e prosear, Paulo nos fornece um bom papo de botequim, dividido em várias crônicas. Pode se dizer que o autor é um antropólogo etílico, que, para realizar as reflexões presentes no livro, fez uso da técnica de observação participante. Ou seja, freqüentando bares saiu o livro.

livro_paulo_pellota

No prefácio ele afirma: “Freqüentar um bar onde o dono nunca bebe, equivale a ir a um templo em que o sacerdote não acredita em Deus.”

Um brinde e vamos à crônica!

Paz na Terra aos homens de botequim

Paulo Pellota

Beber bem e bater papo são duas artes com grandes afinidades entre si. E o melhor lugar para exercitá-las é o botequim.

Há um consenso entre os grandes praticantes de que o bar, feito exclusivamente para beber e conversar, é o ambiente onde essas artes evoluem com notável fluência. Fluência que é percebida nas mesas de profissionais, gente que leva a sério o supremo ofício de rir e conversar.

A função social do bar é justamente liberar os espíritos e fazer aflorar as identidades a fim de facilitar a conversa. Os temas vão surgindo naturalmente e vai-se falando de tudo um pouco. Importantes decisões sobre os destinos da humanidade são tomadas. Política, futebol, discos voadores, o melhor chopp da cidade, tudo é discutido. Meu amigo Pérsio, competente em matéria de botequim, afirma que há nessas mesas uma fantástica cornucópia de onde brotam os mais interessantes assuntos. Médicos falam sobre direito, advogados tratam de medicina, empresários palpitam sobre música, músicos discutem política, vagabundos pontuam sobre direito do trabalho, em desordem alternada, podendo mudar o ponto de vista a qualquer momento. A lógica, a coerência, podem perfeitamente ficar do lado de fora, já que o bom papo de boteco não tem censura nem admite cobranças posteriores.

Já os amadores, que vão ao bar de vez em quando para comemorar um aumento de salário ou para falar sobre a crise, são facilmente identificáveis pela monotonia notada em suas mesas. “Será que chove”, “Hoje está mais quente do que ontem”, são as mais acaloradas discussões. O papo não anda, estão sempre a olhar o relógio, como questionando se deveriam estar mesmo no bar ou se poderiam estar gastando seu tempo na academia ou correndo em volta do quarteirão. Se forem realmente amadores, podem questionar à vontade, mas, se por algum motivo se tornaram aprendizes, é dever lembrá-los que os exercícios físicos, hoje tão comuns para cultuar o corpo, não passam de modismos. Como tal, apresentam-se como fenômeno passageiro e, mais dia menos dia, pelo perigo que representam, serão extirpados da sociedade.

Quantas entorses, quantas lesões musculares, fraturas, distensões. Quantos infartos esses esforços violentos têm causado. O negócio é tão perigoso que se pedem diversos exames médicos antes de iniciar qualquer atividade física.

No botequim nada disso acontece. Não há registros de mortes súbitas em mesas de bar. Muito menos se comete a indelicadeza de pedir atestado médico antes de um chopp bem tirado.

Claro que é preciso estar em forma. Tanto profissionais como aprendizes sabem que precisam eleger seus bares preferidos e freqüentá-los com assiduidade. Perseverar. Como tudo que se queira fazer bem feito, freqüentar botecos também demanda tempo, dedicação e treinamento. E no bar, é na prática do cotidiano que se aprende com freqüentadores de outras mesas. É uma alegre tarefa do grupo melhorar a atuação individual e coletiva, com a abordagem de temas originais, com a capacidade de surpreender, usando com competência e humor a liberação dos espíritos proporcionada pela atmosfera do ambiente.

Se disciplina é fundamental, também é importante que o novato reconheça que muitas vezes poderá cometer pequenos deslizes, como dar uma caminhada mais longa ou até mesmo uma corrida. Isso não deve ser motivo para pânico, principalmente se não acontecer com freqüência. No começo, isso é normal, porque o iniciante não tem o condicionamento necessário para evitar certos programas e talvez tenha dificuldade para dizer “não”. No fundo, o bom mesmo é rir dessa situação e no dia seguinte compensar esse tropeço tomando algumas doses a mais com os amigos.

Os mais assíduos freqüentadores de bares têm plena consciência de que rir e conversar são importantíssimos para manter-se sempre rindo e conversando. Parece uma redundância, mas é muito mais profundo do que isso e, se houver dúvida, o tema poderá ser experimentado na próxima mesa.

O aprendiz deve levar em conta a tradição. O hábito humano de reunir-se para conversar, beber, rir e comemorar faz parte da História do Mundo. A cerveja parece ter sido criada no antigo Egito, Noé carregou vinho na arca e produziu cerveja ao chegar no monte Ararat, Cristo consagrou o pão e o vinho como alimentos do corpo e do espírito, os vitoriosos unem-se e brindam.

*

Até na Santa Ceia todos sentaram-se à mesa e tomaram vinho — o único que não quis tomar nada e saiu mais cedo foi bem sóbrio receber os trinta dinheiros.

Não há, no entanto, menções históricas dando conta de que algum imperador, grande general, profeta ou o mais divino dos seres tenha dado uma corrida e voltado para o mesmo lugar, certo de que estava abafando.

Há que estar preparado, portanto, para a Novíssima Era que está chegando, em que homens e mulheres não discutirão se têm alguns quilos a mais ou alguns centímetros a menos na barriga. Estarão, sim, reunidos em torno de copos e garrafas, usufruindo do grande prazer de comer sem ter fome e de beber sem ter sede, de compartilhar experiências e de rir com os outros e de si mesmos.

Quarta-feira, o meio da semana. Enquanto o final de semana não vem, nada melhor do que recarregar as baterias curtindo um bom reggae roots.

A banda da vez é a lendária “The Congos”, nascida em 1977 na Jamaica, quando o reggae crescia e aparecia para todo o mundo.

The Congos – Jackpot