Tratamendo de gado.

Maio 14, 2009

Na semana passada uma das maiores bandas pós anos 90 excursionou pelo Brasil. Este “pós anos 90” é, evidentemente, de acordo com meus critérios. Cada um tem os seus, e segundo os do líder do Oasis, Noel Gallengher, eles são a melhor banda jamais vista no planeta Terra. Não é de hoje que Noel e companhia destilam marra e arrogância  e após entrevistas surpreendentemente simpáticas para o Fantástico e afins, a paulada inglesa foi online.

Não fui ao show do Rio, nem me arrependo. Não que tenha sido ruim, pelo contrário, foi super elogiado e os vídeos que você pode ver aqui provam isso.  O problema foi que o show aconteceu no mesmo dia e horário de Fluminense x Goiás. Em dia de jogo, lugar de tricolor é no Maraca. Nada contra os botafoguenses que não tem esse hábito.

Voltando a vaca fria, Noel meteu o pau na organização dos shows no Brasil através do blog da banda. Dando atenção especial aos shows de Curitiba e Porto Alegre:

“Curitiba foi ótimo. O show, nem tanto. Não entendo o que estamos querendo provar tocando em lugares como aquele e em Porto Alegre. Por que não só dois shows grandes no Rio e em São Paulo? Se todo mundo na Argentina viaja até Buenos Aires para vivenciar uma das melhores noites de suas vidas (não estou brincando, você deveria estar lá!), não entendo por que no Brasil é diferente Uma apresentação em um palco desmontável ou em um estacionamento nunca poderá ser comparada ao barulho e às cores de um estádio”.

Oasis em São Paulo.

Oasis em São Paulo.

Nesta história toda duas coisas não me surpreendem: a já citada arrogância de Noel e a PÉSSIMA qualidade na produção de shows internacionais no Brasil. Não vou nem entrar no mérito de preços de ingressos, todo mundo está careca de saber que é caro, e que a desculpa vai sempre ser a indústria de carteiras de estudantes falsificadas. Mas independente do valor do ingresso, as equipes de produção perderam totalmente a credibilidade e respeito do público, o meu pelo menos. O show do Radiohead em São Paulo foi ofuscado pelo tumulto, confusão e correria. A qualidade do som no show do Manu Chao na Fundição Progresso foi sofrível, desrespeito com o artista e com o público já espremido no calor infernal da superlotada Fundição, outra “novidade”.

Enquanto isso, eventos que vinham tendo melhor nível de produção, como o TIM Festival, morrem a míngua com falta de grana. Em recente entrevista o empresário Roberto Medina garantiu o Rock in Rio em 2014. No Rio, não em Lisboa. Vamos ver se daqui a cinco anos ainda passaremos horas nas filas ou espremidos nas grades. Até lá o Medina poderia ir pagando os calotes deixados pelo festival de 2001. Brasil-il-il.

Pedro Franco